Venda de genéricos aumenta 14,3% no primeiro semestre
De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos – PróGenéricos, as vendas de medicamentos genéricos subiram 14,3% no primeiro semestre deste ano. Foram comercializadas 534.600 milhões de unidades de janeiro a junho deste ano. No total, as vendas de todas as categorias de remédios subiram 6,14%. A PróGenéricos avalia que os medicamentos genéricos tiveram um papel importante nos resultados da indústria. De acordo com a entidade, os genéricos se tornaram uma alternativa para o consumidor nesse momento de crise.
Segundo a advogada do escritório Jacoby Fernandes & Reolon Advogados Associados, especialista em Saúde Pública, Melanie Costa Peixoto, a crise econômica mudou substancialmente o cenário de consumo de medicamentos no Brasil no último ano.
“Quando todos os números da economia são desfavoráveis, o mercado de medicamentos genéricos cresce. Trata-se de uma diferença estimada em R$ 66 milhões. A razão é muito simples, o produto é essencial, por isso as pessoas normalmente não deixam de comprá-lo”, observa.
O que chama atenção, no entanto, é que de acordo com um estudo da Universidade Federal de São Paulo, cerca de 30% dos brasileiros acreditam que os medicamentos genéricos são menos efetivos, o que contrasta com o aumento das vendas do produto.
“A conclusão sobre as informações torna evidente que a preocupação com a regulação de medicamentos em um país como o nosso deve favorecer o acesso, assim como ocorreu com a bem sucedida política de genéricos no país. Na prática, no entanto, o que se percebe é a regulamentação focada no risco sobre o consumo, o que pode fomentar o medo ou o desconhecimento sobre esses produtos”, ressalta Melanie.
Regulamentação vigente
A advogada esclarece que a regulação em vigilância sanitária tem experimentado, desde a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, uma forte e exaustiva tentativa de conter os riscos.
“É uma diversidade de normas técnicas, elaboradas sob o âmbito da segurança, eficácia e adequação, mas pouco avaliadas pelo impacto econômico, o que influencia o próprio acesso. Além disso, não são de fácil compreensão e carecem de uma divulgação mais simples para a sociedade em geral”, afirma.
Para a especialista, a sensação é de que a regulação se transformou em algo sofisticado e em uma aparelhada regulamentação técnica, mas ainda distante dos aspectos econômicos do Brasil e, principalmente, da realidade social e cultural enfrentada.
“Para garantir o pleno acesso da população aos medicamentos, deve-se buscar o equilíbrio entre o custo-benefício das exigências sanitárias, as formalidades administrativas e os entraves de burocracia. No fim, o que verdadeiramente conta é a necessidade e o uso, garantindo-se efetivamente a saúde, que não pode ser relevada em plano inferior nessa específica regulação de mercado”, conclui Melanie Peixoto.